quarta-feira, 11 de junho de 2008

Portugal ao Entardecer...

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora! * (Fernando Pessoa , Mensagem)

Achei adequado...

Sem lei nem rei. Não diria com paz porque este país mais parece ter vontade de entrar em guerra. E de facto, é um Portugal a entristecer. Para mim é triste que cheguemos a isto. E este ‘isto’ são vários ‘istos’ juntos. Aliás, eu cá não vou muito à bola com a bola, mas verdade seja dita que se não fosse este embeiçamento pelo futebol que Portugal parava com tanta tristeza. Eu cá parava. Fico perplexa com o facto de haver filas intermináveis para as bombas de gasolina. Pois é verdade que hoje em dia pouco se faz sem o querido automóvel. Pois é verdade que hoje em dia é uma chatice se o carro não fica à porta [de casa, do trabalho, da discoteca, do estádio, do supermercado…seja o que for!]. Mas podia jurar que ainda sou do tempo em que muito boa gente andava a pé, e muitos quilómetros a pé se faziam! E ia jurar que ainda era do tempo em que transportes públicos havia…mas caso não tome vitaminas, a minha memória começa a pregar-me partidas. Mas realmente com o aumento do petróleo, não há quem aguente. Só se fala do mesmo. Alguém pode pedir ao Governo umas subvençõeszinhas e voltarmos todos ao trabalho?! É que não se fala noutra coisa…

Mas há coisas que também passam das medidas… Não há paciência! Que os senhores camionistas exijam uma redução no ISP, tudo bem. Que queiram gasóleo profissional e abolição das portagens… porque não? Mas já agora porque não deixamos todos de trabalhar e vivemos à conta do Estado?

Aliás, podemos criar vários tipos de classes trabalhadoras. Podemos criar castas. Porque não? Com direitos especiais para uns e iguais para outros. Aliás, estive num país onde, mesmo tendo sido abolido o dito sistema, os outcasts ainda pressionam, manifestam, boicotam e fazem parar o país pelos seus ‘direitos adquiridos’. Um país em vias de desenvolvimento… Nós, cauda da Europa ou sem ela, fazemos o jogo ao contrário, um lock out porque queremos adquirir direitos para uma ‘classe’ que acha que não os tem e os merece. Eu também gostava de não pagar 50€ de transportes; a quem me dirijo???

Mas que se passa com este país? - pergunto eu, humildemente claro! Pergunta ignorante, com toda a certeza. Porque eu nem sei do que falo, muito provavelmente. Em todo o caso, note-se que, já estava na altura do Governo intervir. Primeiro, criar meios que permitam uma redução no combustível. Segundo controlar as hostes!!! Porque segundo sei, este país ainda tem lei que se cumpra (de vez em quando pelo menos…). Diria mesmo que Portugal hoje é Nevoeiro, apesar do belo dia de sol…

E porque isto é Portugal e ontem foi o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, porque não espremer o dia e beber o maravilhoso néctar da nossa política… a raça. O nosso PR até fez um discurso ‘porreiro pa’! É que falou no nosso Universalismo e passo a citar “(…)Mas o universalismo português é ainda, na actualidade, um facto bem visível. Um universalismo como aquele de que fala Eduardo Lourenço, quando nos diz “O Universal não é um espaço, é a universalidade do olhar que o pensa.”(…). E esta frase é tudo. E devo dizer que a Universalidade dos nossos politiqueiros de hoje em dia não passa para além de uma bola de golf, se tanto.

Verdade que o Sr. PR teve uma saída não muito feliz. Mas segundo consta o conceito de raça não existe para além do conceito sociológico da coisa, que neste caso, não me espanta. Somos ou não uma raça de aventureiros, perdidos séculos por esses mares, à conquista do novo, do melhor, de novas culturas e povos que nos cativaram, com quem aprendemos, batalhámos, e etcs? MAS, atenção…no nosso passado mal resolvido, naquela época-cujo-nome-não-se-menciona (gosto disto!) aka Estado Novo, a palavra era usada como conceito agregador de uma Nação que sofria a mão forte de um regime. LOGO, deve ser riscada do dicionário, de todos os documentos, e sobretudo não deve ser mencionada por Altas figuras públicas (por acaso não sei a altura do Sr.PR, peço desculpa!), ou não fosse isto uma democracia, como é óbvio!

Conclusão. Esqueçamos todos os importantes pontos que deveriam ter sido focados: como a nossa língua – o português, elemento que une mais de 200 milhões de pessoas. Esqueçamos a importância do investimento estrangeiro, a questão dos emigrantes e imigrantes, esqueçamos a nossa política externa (que o país nem sabe o que isso é), esqueçamos a ‘exigência e o rigor’ connosco mesmos E concentremo-nos na raça. Porque isso é tudo mesmo! É o fundamental da questão. E viva Portugal, porque estamos no bom caminho! E Amén por estes políticos que nos iluminam!

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