Verdade seja dita que Sócrates, no debate na AR sobre o ‘estado da Nação’, esteve particularmente bem. E vai continuar bem.
Acrescento, e cito - “(…) Perante esta direita arrogante mas sem orgulho, oca e desorientada porque vê cada vez mais distante o que considera seu direito divino: o poder - Sócrates poderá continuar a encenação do melodrama barato configurado no "socialismo moderno." – diz Baptista-Bastos [in Diário de Notícias on-line, 16/07/08].
Não posso deixar de concordar. Tendo em conta que vivemos em democracia, espero sempre demasiado dela. No entanto, temos uma esquerda a roçar a loucura, um Governo que implementa de livre vontade (umas vezes bem, outras por unilateralismo imposto), e uma direita que anda em busca do Santo Graal (e ainda não foi desta que o encontrou!).
Se há coisa que me chateia particularmente é não se olhar para o país como um todo e com um longo-prazo que tem de ser definido. Para mim, é mau que se mudem de Governos e se mudem todas as políticas implementadas (ou não se dê continuação a outras só porque as cores mudam), os amigos mudam, as pastas mudam, os nomes mudam, porque muda tudo mas fica tudo na mesma ou pior.
Verdade seja dita que esperava mais do PSD, esperava que se criasse oposição, que se trouxesse ar fresco para um país em crise, para uma juventude desamparada e sem nenhum interesse para a política.
Que país criamos assim?
Ando entusiasmada com as eleições americanas. Obama trouxe uma nova energia, e um novo acreditar, e move o povo.
O nosso [povo], por cá, bem se queixa mas não se move. Para lado nenhum. Mas como podemos? Já experimentamos laranjas e apodreceram, as rosas murcharam e não há mais ‘nada’ nesta salada ‘à portuguesa’… Há desânimo? Pois há! Mas não deveriam ser estes mesmos políticos a tentar mudar o destino das coisas? A puxar pelos populares? A criar um novo ímpeto de mudança? A bem ou a mal, Sócrates vai falando, e por mais que não diga nada, tem confiança nele próprio que, a bem ou mal, o torna carismático. A Manuela Leite…Ainda [bem] que tivesse havido coragem (e Parabéns!) por se ter eleito uma mulher, foi para mim um erro crasso de análise. Quem não tem ‘força’ para elevar o punho e puxar pelo seu partido como terá força para puxar um país?
Branco mais branco não há…
4 comentários:
Pequenos comentarios:
- Desde quando se pôde esperar alguma coisa do PSD, no governo ou oposiçao??? Talvez na infância da nossa democracia (antes de nascermos porntanto), mas tirando isso, os grandes projectos dos laranjas coincidiram sempre com os cheques europeus.
- é bom que os governos mudem, mas concordo contigo, as politicas deviam ter continuidade e nao ser um elemento aleatorio aos ciclos eleitorais. Mas ha que ser realista, as coisas funcionam assim nos sistemas partidarios democraticos: a opiniao nao gostou de tal politica porque impopular, apesar de no futuro vir a compensar... pa entao temos que mudar e fazer coisas populares a curto prazo que a longo prazo dao em pouca coisa ou coisa nenhuma. Sinceramente, nao vejo grande soluçao a este grande problema, a nao ser que a cultura social e politica passe de uma logica de confrontaçao porque de cores diferentes a uma logica de cooperaçao e consenso para um projecto comum. E nao estou so a falar dos nossos politicos. Portanto, coisa dificil de imaginar nos proximos tempos.
- Falas bem, que temos que nos mexer para algum lado. E que os politicos deviam dar sinal. Mas que raio, ja farta esta polito-dependência, ou governo-dependência. Ha crise, pois ha. Mas ja chega de nos escondermos debaixo do sindrome do coitadinho. Queremos que as coisas aconteçam, nao temos condiçoes, também nao é ficarmos à espera de melhores dias que as coisas acontecem. As condiçoes criam-se. As politicas ajudam, mas nao sao o motor. Somos nos.
PS - Gosto dos teus "Estado da Naçao" :)
Obrigada minha linda!!!=D [continuo à espera q actualizes por terras parisienses!lol]
Deixa-me dizer-te que ainda hoje ouvi na rádio a Manuela a dizer que vai continuar as políticas deste governo. Gostava que ela me tivesse dado uma só boa razão para votar nela então...
Demagogia à parte, o povão não está preparado para pensar no longo prazo. Acho, aliás, que não temos essa cultura [de pensar, lá está...], e infelizmente as coisas fazem-se no curto prazo porque as pessoas gostam de ver coisas feitas no momento. Que políticas temos no longo prazo senão (no médio...) a construção de infra-estruturas [(des)necessárias?!]?
Independemente da cor que esteja no poder, a utilização dos fundos foi sempre regrada por uma não fiscalização que, no fim, (e lá está no longo prazo) nos remete para o fim da lista europeia. O porquê, ninguém responde.
Eu gosto muito da frase que JFK disse: Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que podes fazer pelo teu país. E o que é que nós fazemos? Para além de queixas, e queixinhas, vejo muito pouca iniciativa, e a culpa não é só da crise...
O que seria deste país se não tivessemos tanto sol....
Vejo o problema democrático português como uma consequência da bipolarização do nosso sistema, sinceramente.
Não que não haja outras democracias bipolarizadas que funcionem melhor, mas nós, aparentemente, não conseguimos.
Se houvesse a necessidade de realizar acordos parlamentares alargados para aprovar as políticas (o que é mais característico de parlamentos sem maiorias e maior dispersão dos votos por maior número de partidos), o debate e consenso necessário concerteza contribuiria para que os resultados fossem mais consensuais e, logo, não tão facilmente alteráveis por qualquer novo governo.
Viveríamos numa constante mutação de governos minoritários, ainda que alguns partidos fossem, naturalmente, mais assíduos que outros.
Nessa democracia mais "partilhada", não se sentiria tanto o desconsolo que o vazio de ideias dos "dois grandes" nos causa.
Mas nós, portugueses - talvez por remniscência do "antigo regime" -, somos muito clubistas e confiamos pouco no que é diferente, pelo que continuaremos a votar maciçamente em laranjas e rosas.
Ainda assim identifico, pelo menos, duas políticas de fundo que creio que se "aguentarão" após os (sim, no plural) governos Sócrates:
- a aposta na energia renovável
- a aposta nas "autoestradas da informação"
Não desesperemos! ; )
Pling, obrigada, desde já, pelo teu contributo.
Devo dizer que concordo com o que foi escrito, ainda que coloque uma ou outra questão.
A bipolarização, em Portugal, tem-nos levado a mais do mesmo. É que laranja e rosa, saiu mais castanho que outra coisa. A mistura de políticas, o virar mais ao centro ou a oposição não entender bem o seu lugar deveria, penso eu, remeter-nos mais para questões fulcrais. Se continuamos a votar em cores mais que em pessoas e ideias damos lugar, efectivamente, ao "desconsolo" e ao "vazio de ideias". Não vejo ninguém novo na politica. Não vejo ninguém que me agarre a um debate político na televisão (ou porque não os há, ou porque não os vi?!). Onde anda a nova geração politica? Temos ou PNR ou Bloco de Esquerda? Ou tudo ou nada? Ou 8 ou 80?
De facto, caso tivessemos um "dividir para reinar" na AR, talvez levasse os deputados a trabalhar mais, não tendo patente aquele ar de seca nas suas caras ou não faltando a sessões. Ainda assim acho que temos falta de exigência com o nosso Parlamento e com o trabalho que deveria ser exigido. Não me parece que hoje em dia seja mérito e muito menos os deputados são deputados. São deputados e algum emprego mais...
É certo que talvez tenhamos virado clubistas, que é dificil mudar de clube, mas teremos nós opções para isso? Aiii o desconsolo...
Ainda assim Pling, espero que se possa realmente avançar com as políticas que mencionaste, para bem do país, para a nossa segurança energética (e dependência!) e avanço tecnológico. Se bem que apostaria mais na Educação (para evitar o brain drain ou fuga de cérebros, e para os Criar!, que com esta nova matemática de 2+2=5, vai ficando dificil...), e sobretudo na Cultura, que está cada vez mais fraca...
Obrigada pelo vosso contributos caros Blogistas!=D
Enviar um comentário