sexta-feira, 11 de julho de 2008

O 'estado' da Nação I

A definição que para mim tenho de Jornalismo constrói-se no facto de fazer parte das ciências sociais e humanas e ainda que não seja uma ciência exacta não deixa de encerrar critérios de ética, imparcialidade e informação. Jornalismo e Informação estão intrinsecamente ligados. Logo, o jornalista terá, portanto, um dever – informar.

Vi no dicionário, só para tirar dúvidas, a definição de informar, e cito “facto ou acontecimento que é levado ao conhecimento de alguém ou de um público através de palavras, sons ou imagens”. Pareceu-me bem e lógico.

No entanto, um mundo interligado e interdependente através de relações económicas, sociais e políticas – a aldeia global – como denominaria Marshall McLuhan, tem hoje um sentido muito mais complexo. Acrescento que num mundo globalizado, com vista ao lucro, a imparcialidade ou mesmo a exactidão das notícias é relegada para segundo plano. E ainda, a informação chega a quem a procura e não a quem a vê todos os dias na televisão ou jornais.

O meu professor de Teoria das Relações Internacionais disse uma frase que nunca mais esqueci, e ao pensar nela cada vez que leio um jornal, olho para a televisão ou ouço rádio, não posso deixar de pensar o quão mal informadas ficam as pessoas após absorverem o actual jornalismo.

“Quem quer que eu acredite nisto, aqui, agora e porquê?”

Por um lado, as pessoas não estão preocupadas em receber informação. Com crises, casas para pagar, gasolina para meter no carro, comida para dar aos filhos, falta de emprego, etc., penso que o mergulhar na imprensa cor-de-rosa, na vida dos outros e no suposto glamour do Jet Set remete-os para o Fantástico que não Vivem…

Por outro lado, temos os jornalistas, jornais, e afins a terem que se remeter a este jogo, para fazer face aos lucros. E estamos num ciclo vicioso.

Uma premissa mais se me permitem. Com a política actual que se faz, com a crise que se vive ou com a guerra fria que aí vem, não convém que as pessoas saibam tudo [ou mesmo alguma coisa...] sobre o que no mundo se passa. Não convém à política que os meios de comunicação exerçam o seu papel. Nem lhes é permitido quando estão intrinsecamente ligados à política [lembro-me por exemplo do que aconteceu com as presidenciais americanas ou mesmo a pressão exercida, em Portugal, actualmente, sobre os media].

Dai que tenhamos constantemente que pensar na frase acima citada, para nos lembrarmos que viver na ignorância não é o caminho. Assim, acreditar em tudo o que os jornais escrevem, ou os jornalistas falam pode muito bem contribuir para a implementação de práticas lobísticas ou mesmo, e talvez mais grave, para a diminuição do nosso cérebro!

Permitam-me mencionar alguns casos que me deixaram perplexa:

- o Metro hoje congratulava-se por ser líder nas leituras diárias. O que estranhei realmente foi o Meia Hora é o que menos se lê. E dei por mim a pensar que, na minha opinião, dos jornais gratuitos é mesmo o melhor. Das duas uma, ou não está disponível em muitos locais, ou dá demasiado trabalho ler Informação.

- o Público on-line de dia 8 de Julho anunciava os novos locais que passam a ser Património da Humanidade via UNESCO…o único problema é que trocaram as informações todas [leiam os comentários por favor!], e curiosamente a noticia deve ter chegado por cegonha porque nem autor tem…

- ontem ainda tentei ver o telejornal da SIC, qual não é o meu espanto que as notícias internacionais de relevo foram ditas tão depressa que mais me fez lembrar os anúncios nas rádios de bancos a mencionarem as taxas que os clientes não devem ouvir…mas o melhor foi quando após esta correria se deu seguimento a mais de meia hora aos 'casamentos e divórcios milionários'. Obrigada…

Terminando, e pedindo desculpa pela alarvidade de texto debitado, permitam-me ainda agradecer: aos jornais e jornaizinhos que hoje se fazem em Portugal, à Informação desinformada, aos conteúdos sem cara, ao avestruzianismo cor-de-rosa, por formar e desenformar aquilo que é o país em último no ranking europeu.

O que vale é que o mundo é demasiado grande para alguns de modo que se pode afogar mágoas nas poucas notícias de outros países em desgraça, para nos lembrarmos que amanhã é outro dia, que se pode seguir em frente e dizer mal de outra coisa porque há gente pior que nós.

Portugal dos Pequeninos…

1 comentário:

Alice Marcelino disse...

Ai minha miga. Sinto e compreendo a tua angústia. Mas afinal este é o país que todo o português pediu. Pequeno e ignorante. Porque afinal o saber não convém a muita gente. Porque senão ainda começam a exigir muitas explicações e ainda há uma revolução. E quem não estiver bem que se vá embora.
E assim é!

Bjo minha moon :d