Por tudo isto…não se pode ignorar!
Houve uma vez uma discussão do tema, lá na Índia, com um grupo onde, infelizmente não havia Tibetanos na altura mas, tivemos oportunidade de ter uma chinesa, que partilhou a sua visão, e a sua interpretação romântica de uma História Milenar (parcial e induzida diria….).
Para ela os Tibetanos são terroristas e não percebe por que razão existe tanto alarido nesta questão. Para eles não há questão. O Tibete sempre fez parte da China e não há qualquer motivo para quererem uma suposta independência quando têm tanto a ganhar (…e Tiananmen é, ainda, tabu, mas atentem no John Sweeney por exemplo – aqui e aqui!). Mas isto vindo de uma pessoa alegadamente culta que, ao viajar, se pôde permitir ter acesso a informação mais correcta mas, no entanto, para ela distorcida e confusa. A China ajuda o Tibete. Ponto!
Isto é o que uma China Comunista, um regime deste calibre sem respeito pelos Direitos Humanos diz. Actualmente, nestes Jogos Olímpicos envoltos em 'magia', por entre o deslumbre de ganhar ou a desilusão de perder medalhas, esquecemos o que existe lá naquele ‘mundo’ longínquo.
Eu jamais me imaginaria a dizer ‘Um dia eu tive um país’... Pois os Tibetanos poderão muito bem preparar esta frase ao ritmo que isto corre. Não diria Nação, porque eles já são uma Nação, cujo país foi invadido, cujo território é destruído, cuja cultura é despedaçada, cuja língua se deixa desvanecer por oposição ao chinês que se torna obrigatório como sobrevivência, cuja religião demonstrada é o mesmo que tortura, desaparecimentos ou mortes.
Tudo isto provoca uma dor tão profunda que não se faz ideia.
Este povo, um pouco por todo o mundo tenta, desesperadamente, chamar a atenção para o que se passa no Tibete. E o que se passa é muito, e não pouco como queremos esquecer.
Falei com muitos Tibetanos, ouvi muitas histórias, daquelas que ouvimos em silêncio sem saber o que dizer, sem conseguir dizer uma palavra de conforto, ou sequer imaginar. Ouvi histórias de grupos que passaram semanas nas montanhas gélidas, de como se tinha que comer os poucos rebentos que encontravam [quando estes, poucas vezes, haviam!], ou dormiam na sua roupa molhada sobre a neve; de como as longas caminhadas deixavam alguém pelo caminho…Ou como se foge com o coração na mão, rezando para que não sejam descobertos…
Um amigo, Tibetano, até aos seus 15 anos, não sabia de quem era a foto daquela pessoa que tinha na sala de casa; quando foi para o Mosteiro descobriu que sempre teve consigo o seu Líder Espiritual – o Dalai-Lama….
Ouvi muitas histórias, ouvi esperança, e vi lágrimas. Mas houve apenas um tibetano que me disse que não haveria nada a fazer. Que não há possibilidade alguma de o Tibete alguma vez ser livre. Baixei os olhos e acenei. Tem razão. Por muito que custe admitir, a independência parece utópica, perante o poderio da China.
Assim, a minha utopia, tal como a dele, passa por tentar criar espaço de manobra para que este povo viva, aliás sobreviva na sua terra. O essencial é que os Tibetanos possam falar a sua língua, praticar a sua cultura e religião, tenham direito às suas terras, possam ter Autonomia! Autonomia! É o Tudo o que se pede. Não há espaço para mais com um Regime assim. Lutar pela Autonomia!
Todos os Tibetanos, todos os Monges por esse mundo fora que pedem um pouco de atenção, da nossa atenção, suplicam apenas que a comunidade internacional dê voz a quem não pode.
Hoje em dia, no Tibete, para além de haver cada vez mais Tibetanos na rua, os seus ‘irmãos’ como dizem, coisa que não havia, há também uma colonização chinesa na área cada vez mais exacerbada. E a solução é partir, ficar para morrer ou morrer no desespero. Muitos há que sucumbiram ao pseudo desenvolvimento económico, mas muitos há que, na impossibilidade de partirem, vêem um país a morrer.
Porquê?
Porque é que não se faz nada?
Recebi há pouco tempo um vídeo da Sara e do Dani, um casal – portuguesa e italiano, que conheci em McLeod Ganj – Dharamsala - Índia [onde está o Dalai-Lama em exílio]. Tibet Torch mostra entrevistas a pessoas comuns, e a monges. Pesquisaram. Trabalharam. Agora resta-nos dar a conhecer, na esperança [que nunca morre…] de que o Mundo ganhe uma Voz e que, por detrás da beleza de uns Olímpicos, se relembre que há a desgraça e sangue de muitos, Chineses e Tibetanos! Link: http://video.google.com/videoplay?docid=-5867236236721401720&hl=en
O lema?!
“RISE UP! RESIST! AND RETURN”
Thukje Chey [Obrigada!]
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Saber mais:
www.volunteertibet.org (voluntariado em McLeod Ganj, Índia)
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