segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Estado da Nação IV

A cada quatro anos. Um país. Um Mundo. O acontecimento do ano. Uma união em torno do desporto para “construir a paz e um mundo melhor, educando a juventude através do desporto praticado sem discriminação de qualquer género e no espírito olímpico, o qual requer um entendimento mútuo, um espírito de amizade, solidariedade e jogo justo”. Assim disse Pierre de Coubertin, na carta Olímpica.

Os Jogos Olímpicos são o melhor conjunto de desportos na terra, numa competição pela Glória, numa rivalidade ‘saudável’, num sonho comum – a participação e a vitória.

Mas como em tudo, haverá sempre uns melhores que outros. A aposta ganha dependerá sempre de uma multiplicidade de factores, muitas vezes alheios aos próprios atletas. Desde a comida ao tempo que se faz sentir, algo poderá afectar o desempenho dos melhores.

Em Portugal, a muito custo, depositámos fé naqueles que levaram o cachecol da Nação ao pescoço e ergueram a bandeira com um sorriso nos lábios para o mundo apreciar o nosso valor.

O nosso… A nossa esperança, a nossa fé e os nossos pensamentos positivos!

Será?

Por muito que me custe acreditar, há na nossa mentalidade algo que não se coaduna com os nossos séculos de História a viajar pelo Mundo. E penso que pouco vamos apreendendo e muito temos que mudar.

Ouço e leio a desilusão que se faz sentir devido ao facto de que alguns atletas terem sido afastados [judocas] para lugares que não os cimeiros, esperados. E que haverá uma pressão maior sobre outras modalidades, para compensar… a esperança. [?!?!]

Desilusão? A imprensa escreve-o. O porquê, não se sabe. Como poderemos ficar nós, portugueses, desiludidos com quem tão bem nos representa? Em tenra idade, com tanto esforço e sacrifício e a troco de umas poucas migalhas? São estes desportos, que são relegados para segundos, terceiros e nonos planos. Aqueles a quem se lhes exige, sem se lhes dar. O sangue, suor e lágrimas, não se paga com milhões de euros na conta ao final do ano. Nem sequer têm o apoio monetário, nem o oficial prestado pelo Governo.

Aqui ganha o Futebol. Só assim se explica que as altas patentes estejam em Europeus e Mundiais de Futebol, e nos Jogos Olímpicos, representação máxima de uma Nação [que leva representação do que os mero vinte e poucos jogadores], e nem o Primeiro-Ministro, nem o PR estiveram presentes. Férias a quanto obrigas…e a ausência nem se deveu, claro!, a uma [clara!] Manifestação a favor dos Direitos Humanos esquecidos [a isto voltarei num outro post…].

Afinal, quem desilude não são os atletas que estão a dar o seu melhor, e que o seu melhor deram para lá chegar. Afinal quem desilude somos nós, portugueses, que desacreditamos em público os nossos atletas, que não os apoiamos mesmo quando vão ao fundo, que não os levantamos e lhe damos melhores perspectivas para um futuro de medalhas.

Em vez do Orgulho, escrevem desilusão… Que tristes! Que pequeninos que somos… A esperança e o orgulho é sempre de todos, se for para ganhar. Se for para perder, a derrota e desilusão é sempre dos atletas… !?! Continuamos a pensar nos que ganharam sem ajudar os que os que poderão vencer…

Só há uma boa notícia no meio de tudo isto. Os Jogos Olímpicos destronam o Futebol na imprensa. Em vez de um caderno dedicado ao futebol, já só temos três ou quatro páginas. Há quem faça melhor ainda – o Diário de Noticias, cria uma secção de ‘Desporto’ para o futebol e outra ‘Sport’ para os JO.

Que paciência…

Sem comentários: