O Estado da Nação… pareceu-me uma boa ideia para um novo post.A verdade é que o povo português sempre tão cabisbaixo, supostamente melancólico e desagradado com tudo e todos, parece estar em maré-alta com as festas que aí se avizinham. Temos entretenimento – o futebol e os Santos em Junho, o Verão à porta – que chegue para esquecer quaisquer mágoas, ressentimentos e atritos, quer seja com o Governo, com o patrão, vizinho e afins.
Porquê?
Começou no Domingo o Mundial de Futebol. Tão esperado por uns, quase ignorado por outros, a verdade é que, mal ou bem, quer queiramos ou não, estamos intrinsecamente ligados a um sentimento aglutinador que vai além do puro futebol, que vai para além de uma selecção e uma bola. Impressionante como este desporto estimula na Nação um sentido de união que literalmente pára o país. Estamos todos juntos no mesmo barco. Estamos todos imersos na mesma esperança que é ir mais além. Esperamos e temos esperança de que podemos mostrar-nos ao Mundo, de que podemos mostrar o nosso valor [enquanto povo?] aos quatro cantos do Planeta.
A verdade é que realmente temos a capacidade, que aliás já demonstrámos, para a realização de eventos [ainda que sempre feitos a correr, ou não fossemos nós portugueses – falta sempre algo por concluir a tempo e horas…o que nos vale é que por qualquer razão não lógica os calendários e relógios portugueses não funcionam de acordo com a hora estabelecida a partir de Greenwich…] – penso mesmo que, num futuro próximo, devia ser a nossa especialização perante o mundo. O turismo e os eventos são o que temos de melhor [eu sei que não! Mas sejamos realistas, com a nossa fraca produtividade e com a globalização temos que nos especializar em algo. A verdade é que o nosso clima, a nossa costa, e ainda assim a nossa capacidade de acolhimento são pontos que haveremos de aproveitar muito melhor. E não estou a falar de um “aproveitamento” como aquele se faz no Algarve – não só com uma urbanização desregulada e completamente aleatória com prédios “quase a tombar para a água”, com um atendimento ao público que Jazusssss!..., e preços que levam não só os portugueses mas também estrangeiros a irem para outras paragens…queremos tudo e ficamos sem nada…irónico não?!?! Eu sei….isto é outra conversa!].
Mas será que só através do futebol é que os portugueses conseguem aperceber-se do seu valor?! Será que dependemos de uma equipa e um treinador [que vá-se lá saber como ou porquê tem o carisma de fazer com que um país coloque a bandeira de Portugal em cada janela] para nos sentirmos felizes?! Será que este adjectivo é interiorizado apenas num estádio, perante uma televisão?
Acho particularmente curioso que não consigamos empregar a mesma força e preserverança para alterar aquilo que realmente achamos que está mal neste país. É no mínimo curioso que as taxas de abstenção em Portugal continuem elevadas, que ainda haja pessoas que nem sequer são recenseadas, pessoas que não vão votar quando se realizam referendos! Fico indignada quando reclamamos e não exercemos os nossos direitos!!!
MAS felizmente o português sente-se feliz [desculpem a redundância] com o futebol e ao contrário daquilo que realmente interessa e que nos atinge diariamente, esquece tudo... e os estádios enchem, os bares ficam abarrotados para ver a Selecção e tudo está bem enquanto não se tem que pensar no resto. Temos direito a esse interregno, pois claro! Aliás, este sentimento de felicidade é particularmente curioso quando é mais fácil reclamar que há um jogador que não está a jogar bem, quando o treinador não está a treinar bem, quando Portugal não marca quando devia marcar…é tudo sempre tão fácil quando não somos nós no campo. E posso mesmo fazer a analogia para o estado da Nação – afinal é sempre tão mais fácil culpar o Governo do que está mal, culpar o Estado [quando NÓS é que somos o Estado] e esquecermo-nos que a responsabilidade está nas nossas mãos. É sempre tão fácil culpar os outros…ahhh como nós somos portugueses….
Mas há que ter esperança! Não me interpretem mal. Não é que perceba de futebol. Para ser sincera passa-me completamente ao lado o campeonato nacional e afins – exceptuando claro o meu Magnífico Glorioso BENFICA e os jogos da Selecção. Apesar de parecer que estou a criticar, a verdade é que aquele sentimento de pertença e o querer a vitória, ou o simples facto de estar com um cachecol verde/vermelho/amarelo ou uma camisola ou um boné é uma sensação que se sente e não se explica. Porque afinal somos todos portugueses com um objectivo comum. Ir mais além. Pena que só nos sintamos portugueses com uma camisola, boné ou cachecol, quando na verdade, mesmo que não tendo nada disso vestido, devíamos ter esse sentimento todos os dias e fazer algo mais para irmos muito mais além. Já dizia o poeta, falta cumprir-se Portugal!
Ainda assim, continuemos na bela acalmia que aí vem. O mar está calmo e os Santos Populares vieram para nos dar ainda mais alegria. Junho é o mês dos santos populares. Santo António a 13, São João a 24 e São Pedro a 29.
Lisboa está em festa e a noite de ontem pôs a população na rua. As marchas, os manjericos e os versos populares, a sardinha assada, a sangria/cerveja/ou afins, a música popular e a festa pelos bairros característicos da cidade é algo que ninguém quer perder.
Lisboa no seu melhor! :)
Santo António já se acabou
São Pedro está-se a acabar
São João São João São João
Dá cá um balão para eu brincar
Mas afinal, porque somos nós [portugueses] considerados tão depressivos, melancólicos e pessimistas, se temos um bom clima, temos praia, sol, futebol e festa???
Queremos mais, muito mais?!?