Decadência e Democracia, não é um novo livro nem nada do género. Surge apenas como um título polémico para este pequeno espaço. Porquê? Resolvi matar dois coelhos de uma cajadada só, e juntar dois temas que aparentemente poderão não estar relacionados, mas que ainda assim se podem emiscuir.
Começando com a decadência, não foi com grande surpresa que assistimos a uma nova vitória do FCP e ao 21º título de Campões Nacionais. Até aqui nada de novo. Todavia, é com grande espanto (ou talvez não), que continuem a haver situações em que o desportivismo dá então lugar à pura decadência...e neste sentido refiro-me ao facto de se assitir em plena televisão àquilo a que os Portistas (peço desculpa! Apenas alguns portistas...sim, há que respeitar os Portistas que conheço e que julgo que não fariam tal coisa...a vocês Parabéns...ao resto...façam um buraco e escondam-se!!!!) denominam de "festa". Festa? Pois...o que eu vi, e pronto, talvez seja a minha necessidade de óculos, ou talvez de uns ouvidos novos, foi a determinados elementos cantarem "SLB, SLB...f***** da p****, SLB...."?!?!?! Epá, juro que não é por ser Benfiquista, mas estas coisas deixam-me estufacta! É que o BENFICA é tão GLORIOSO que até em plena festa Portista têm de insultar este clube MAGNIFICIENTE para se sentirem bem?! É a isto que chamam desportivismo??
Aproveitando a liberdade de expressão introduzo a democracia. Hoje, 25 de Abril, é um dia memorável e que se repete há 32 anos. A nossa geração tem apenas uma ideia do que outrora se viveu, e a celebração deste dia é considerado por uns como mais um feriado delicioso, por outros como a concretização da liberdade.
Sabemos que o conceito de Revolução se define como o terminar da ordem vigente para que seja substituída por uma outra. Como diria Adelino Maltez, seria o retorno ao que era. E o que era uma república com cidadãos muito mais interventivos e com mais partidos políticos, por exemplo (sim, considero a dmocracia portuguesa mais como um bipartidarismo que uma democracia...mas isto é outra Estória....).
O conceito de democracia é um ideal. Algo utópico, um conceito pelo qual devemos lutar sempre, para não voltarmos ao que era. É aqui que caímos em erro. Julgamos que a democracia funciona por si só, quando nós todos deveríamos participar nela. Somos cidadãos de um Estado, e como tal mais que direitos devemos pensar nas nossas obrigações - "Ask not what your country can do for you. Ask what you can do for your country." (John F. Kennedy 1961). Não nos esqueçamos que o Estado é composto de todos os seus cidadãos, e só funciona quando tivermos isto presente. Já o Governo, elegemos democraticamente para que possa dirigir os destinos da Nação. Tudo está nas nossas mãos...tudo começa por nós. Não nos esqueçamos que aqueles líderes que marcaram a História da pior forma, que mancharam de sangue as páginas dos livros que hoje lemos também foram eleitos democraticamente (até o Alberto João Jardim.... :P).
Pode não fazer muito sentido para nós, geração que não viveu a Ditadura, aquilo que outros viveram diariamente, sofreram diariamente. Mas não é por não sabermos que devemos ignorar. Infelizmente, a História está cheia de momentos que se repetem, e não é pelas melhores razões...
Viva a Liberdade!!!
E fico feliz de poder dizer isto!Como curiosidade, para quem não sabe, a Amnistia Internacional surge quando dois portugueses gritaram "Viva a Liberdade" em 1960, e foram presos...
Bem Haja, e a todos um Bom Feriado! :')
9 comentários:
Acho que o grande problema da democracia começa a surgir quando os cidadãos deixam de servir a democracia para se servirem dela, e é aqui que assistimos a fenómenos como Alberto João Jardim, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e semelhantes. A mim assusta-me um pouco pensar que num caso de ameaça séria à democracia actual talvez os portugueses não fossem capazes de se moblizar para assegurar os seus direitos, uma vez que nem conseguimos fazer cumprir a nossa Constituição, aprovada há 30 anos em Abril de 1976. Felizmente para nós, conseguimos iniciar o nosso processo de integração Europeia o que constituiu um verdadiero "selo de garantia" à democracia representativa, mas ficamos sempre com a impressão, sobretudo em Portugal que podíamos ter feito muito mais. Se mais não fizemos, não foi por falta de liberdade.
Ah, já agora, cada cidadão devia ter em casa uma cópia da Constituição, concedida gratuitamente pela Imprensa Nacional (ou pelo menos a um preço simbólcio de €1), para que nunca se esqueçam daquilo a que têm direito.
Antes de tudo, uma pequena precisão... bipartidarismo não se opõe a democracia, nem mesmo a democracia pluralista (lá porque o Reino Unido só se orienta entre Conservadores e Trabalhistas não quer dizer que não seja um dos estados mais democráticos, e que como o gabinete tem que ter a confiança do parlamento não se procedam as estratégias de consenso, tão plurais como não sei quantos partidos a falar todos ao mesmo tempo sem que ninguém se entenda. (Não entenda a blogger em questão nem o leitor ocasional que defendo ou prefiro o sistema bipartidário, apenas acho absurdo que se o oponha à democracia, por mais que esta não passe de uma conceptualização como qualquer outra).
De resto, estou muito de acordo com o que foi escrito. Política é cidadania, por isso somos nós que a fazemos, independentement da idade ou da geração. Se elegemos ditadores (de notar que Hitler foi eleito) também temos o poder de os depôr. E sobretudo temos o direito e o dever de criticar votando.
Quanto à decadência sembre se soube acompanhar qualquer sociedade ou regime político. E diria mesmo que o título poderia figurar numa bibliografia incluindo Antero de Quental.. acho que ele escreveu algo parecido com "Causas e consequências da decadência dos povos...". Já não te lembras das aulas de história da Teresa Agostinho... ai ai ai! Beijinhos e 25 DE ABRIL, SEMPRE!!! Cravos vermelhos pá malta
Não quis de todo dizer que bipartidarismo se opõe à democracia! O meu ponto de vista remete-se unicamente para o facto de que em Portugal, o que se têm observado, é a um contínuo círculo entre suposta "esquerda" e "direita" que não tem beneficiado em muito o país. Elegemos uns por demérito de outros, sem qualquer tipo de continuidade de políticas porque há que mostrar "que se faz algo".
É mesmo por achar que existe "bipartidarismo" em Portugal que ouço muitas vezes vozes que se levantam com extremismos que acho alarmantes. Permitam-me que diga que este "bipartidarismo" está tão velho como a percentagem de absentação que se continua a verificar, mostrando assim o desinteresse claro daqueles que acham que ir votar é "mais do mesmo" e não A obrigação que nos compete.
A decadência era um pouco relativa às atitudes de determinados Portistas... :p
Como escrevino blog do João, jul que devemos tomar em mãos a liberdade que há 32 anos conquistámos, e deixar de olhar para o passado e pensar no futuro que queremos construir! Estamos presentes numa UE que os portugueses só conhecem porque AINDA nos dá subsídios, mas que no fundo continua a ser aquele OPNI (Objecto Politico Nao Identificado) que não serve para muito mais...
Concordo igualmente com o João quando diz (no blog dele) «Quanto mais ênfase é dado às comemorações do 25 de Abril de 1974, mais a nossa mente colectiva se afasta do presente e do futuro e regressa àquele tempo, em que existia uma ideia para Portugal que hoje está muito afastada ao que era naqueles dias.». O nosso futuro não reside na memória do que foi, mas naquilo que queremos que seja! Como diria Pessoa «Senhor, falta cumprir-se Portugal!».
Eu percebi o que querias dizer com o termo "bipartidarismo" mas há que velar por um cuidado mínimo no seu emprego. A ordem das palavras e as suas relações são importantes, para não saírem banalidades. ;)
E para voltar à ideia de cidadania recupero outros versos de Pessoa:
"É em nós que é tudo, é ali, ali que a vida é jovem e o amor sorri". Façamos cumprir Portugal.
Hoje ão é o dia para fazer algum comentário mais "científico" mas cumpre-me o meu sentido estético e espírito critíco dar os parabéns a esta minha cara colega pelo interessante trabalho que está a desenvolver neste e com este blog!
Que o sucesso se estenda a outras áreas, pois a sorte é tua minha amiga!
Rui SANTOS
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