Confesso que me sentei em frente ao computador...respirei fundo....respirei fundo novamente, e mais vinte vezes.
Olhei novamente para o ecrã do computador e respirei fundo uma última vez antes de começar a escrever. Só por um simples facto...a minha revolta é tão grande que em cada palavra que me passa pela cabeça tenho que procurar os adjectivos mais adequados para se enquadrar naquilo que considero ser o meu ser racional.
Tudo começou naquela primeira grande greve do metro que me catapultou para a confusão que são os transportes numa amálgama confusa de trânsito...não havia grande problema até porque ia a ouvir música só para não ouvir o típico reclamar português no autocarro, e num dia de Inverno o solinho que estava caía mesmo bem...até...
Acho que fiquei em estado de choque, revolta profunda, transtorno total!!! Não podia acreditar no que me tinha passado pelos olhos!
Impensável!
Para mim aquilo foi o descalabro. Ainda que pensem que isto possa ser algum tipo de histerismo, a verdade é que, para mim, pensar que em 8/9 anos desde o último Referendo as mentalidades não evoluem, é grave.
Para mim, foi muito grave, observar em outdoors frases como “Vote Não porque já bate um coração” ou “Porque é que os seus impostos hão-de servir para pagar clínicas de aborto?”. Não sei se é indecente ou de uma profunda sensação gregorial! Mas que me irrita, irrita! Só por um motivo (vírgula, mais uns quantos...)! Pressupõe-se [julgava eu...] que, num Estado Democrático se preste o serviço de Informar, de se tratar as questões com respeito e imparcialidade para que, cada um, na sua consciência, presente e futura, possam avaliar as implicações dos seus actos. Julgo eu que, de uma forma bastante simplificada, se possa chamar a isto Cidadania e Responsabilidade.
Assim, por favor, com o devido respeito que todas as opiniões merecem, alguém me explique como é que, com aquele tipo de pergunta se presta informação, esclarecimento ou consciencialização para o problema que vai ser referendado. Alguém me explique porque é que a questão que vai ser referendada é distorcida e tratada levianamente, puxando pelo sentimentalismo-moralista-que-não-resolve-e-condena. Estes outdoors são, para mim, publicidade que considero quase criminosa para todos os ignorantes que se recusam a pensar por um pouco que seja na questão, indo atrás do que os outros acham correcto, só porque sim! Aliás, neste caso, só porque não....
Então coloco a questão: o referendo vai colocar na mesa uma frase cujo cerne é muito simples – somos a favor ou contra a Despenalização? É só isto! Apenas isto.
Da minha boca, nunca!, ninguém, vai ouvir que sou a favor do aborto e, sinceramente, quem o disser levianamente é porque não sabe o que está a dizer. Eu não sou a favor do aborto. Ainda assim não posso, com o meu voto, restringir uma mulher (porque infelizmente não são os homens que vão parar à prisão...e peço desculpa q.b. para quem sentir que isto foi um qualquer tipo de ofensa) de, sobre o seu corpo, em consciência e com o peso que isso acarreta, avaliar as suas razões e agir de acordo com a sua realidade, num local seguro, higiénico, com acompanhamento médico, psicológico, em detrimento a anos de prisão.
Eu sou a favor da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Português difícil ou é possível vislumbrar a luz ao fundo do túnel?
Passo a explicar as minhas razões [possivelmente mais elucidativas no comentário que está em “anexo” que coloquei no blog No Largo da Graça]. Coisa que todos deveríamos ter – opinião formada, racionalizada, independentemente de crenças, credos, moralismos e afins. Aliás, um referendo é um apelo a isso mesmo – a conscientemente votar – exercendo o nosso direito e DEVER de cidadania.
Mas há mais... ao ler o «Público» [Jornal Público, Quarta-Feira, 17 de Janeiro de 2007, pág.13] não sei se me choca mais o facto de se apelar ao bolso dos portugueses para votar ‘não’ ou à [suposta] fé eclesiástica, cristã (bla bla bla), de puro sentimentalismo grotesco e ameaçador como a «Acção Família» vai fazer com cerca de 2 milhões de panfletos que vão ser distribuídos nas caixas de correio com “coisas” contra a “liberalização do aborto” nos quais afirmam, e cito:
- “Nossa Senhora chora (...) por milhares de inocentes que podem perder a vida antes mesmo de dar o primeiro gemido” [ainda bem que todas as crianças que vivem em orfanatos, cheias de traumas, são felizes, não chorem por elas que não é preciso....];
- a Acção Família “não está de acordo com o assassinato brutal de inocentes ainda no ventre materno”, reiterando ainda que, “Esta é a resposta que Nossa Senhora espera de si.”;
- citando directamente o jornal: “(....) O panfleto serve, simultaneamente, para promover um ‘estojo do Terço da Vida’ e o livro O Rosário da Vida, “com meditações para rezar o terço em desagravo ao referendo, que, por si só, já constitui uma ofensa a Deus” [nem comento...nem comento...nem comento...nem comento...nem comentooooooo!];
Mais?
O Cardeal Patriarca também reafirmou [Público, idem] a sua oposição à despenalização porque “uma lei que permita a destruição da vida humana é um atropelo de civilização, sinal de desvio preocupante no conjunto de valores éticos que são a base das sociedades humanistas, tão arduamente construídas ao longo de séculos”. [Prefiro não comentar, porque o que me vem à cabeça pode suscitar a fúria de alguém mais fundamentalista – há que reconhecer o papel da Igreja na construção das sociedades, a sua bem-aventurada Inquisição, e o seu tão recto percurso na História, com nenhum apelo à profunda fé avestruzana e sou-sempre-Eu/Igreja-que-tenho-razão....isto não foi um comentário!]
Mais?
Também gostei de ver e, infelizmente, ouvir, num canal público, alguém da Plataforma Não Obrigada! dizer que se deve votar contra o aborto porque é uma clara discriminação de quem não se pode defender. [claro que sim. Cada um acredita no que quer...óbvio (sem ironia e com o respeito máximo, sem qualquer tipo de questão e comentário). Ainda assim cientificamente/eticamente não está formada uma opinião relativa à concepção humana, mas preocupemo-nos com a discriminação no ventre porque a que há na sociedade, felizmente, já não existe!....]
E pronto...haja informação, consciência, responsabilidade.
Respeito? Por todas as opiniões em cima citadas. Com mais ou menos “simpatia” por umas e outras.
A minha opinião? Não interessa. É apenas mais uma em 11 milhões. Mas uma que vai votar. Como todos deverão fazer! A minha opinião, provavelmente, só interessa a mim. Daí este manifesto. Manifesto contra estas “políticas”, contra este show-off que tantos gostam de fazer na televisão, contra o pensar no longo prazo, contra o pensar no bem comum, contra tanta coisa...
Eu acredito profundamente na Democracia, acredito na liberdade de expressão, acredito no respeito pela liberdade do próximo, acredito na racionalidade humana, acredito que possamos pensar com a nossa cabeça, acredito na nossa evolução, acredito que haverá muito pouca abstenção, acredito na Utopia...dia 11 logo se vê se vale a pena ter fé...
Ficam ainda, alguns Números [«Público», 10 Dezembro de 2006, p.13]
- 906
Foi o número de abortos praticados ao abrigo da lei nos hospitais portugueses em 2005. Destes, menos de um quinto foram feitos por razões maternais. Na maior parte dos casos a gravidez foi interrompida por malformações fetais.
- 73
É o número de abortos oficialmente registados como ilegais que chegaram aos hospitais portugueses, o ano passado.
- 4454
Abortos registados como espontâneos. Representam quase metade dos episódios de internamento devido a interrupções de gravidez registados no Serviço Nacional de Saúde em 2005 (10 551 no total).
- 1861
Abortos são classificados como “não especificados” nas estatísticas da Direcção-Geral de Saúde. Este grupo incluirá, segundo alguns especialistas, muitos casos de complicações surgidas na sequência de abortos clandestinos, mas tem vindo a diminuir ao longo dos anos.
- 20 mil
Deverá ser o número de abortos clandestinos realizados por ano em Portugal, estimativa feita a partir de extrapolações internacionais (no ano passado, em Espanha, com uma população quatro vezes superior à nossa, registou cerca de 85 mil abortos).
- 230
Pílulas do dia seguinte vendidas o ano passado em Portugal
Para terminar, quero apenas colocar aqui um comentário que fiz no blog, «NO LARGO DA GRAÇA»- http://lagra.blogspot.com/, onde esta questão surgiu há algum tempo. Devido ao tema, sempre que pude, fui espreitando os comentários. E continuei caladinha a ler atentamente a opinião de cada um até ao ponto de saturação em que me decidi em pegar em alguns argumentos expressos para contestar o «porque sim» ou «porque não». Cada um tem a sua opinião, e esta é a minha. Desculpem se parece um testamento exasperado, mas foi essa a reacção que alguns comentários me suscitaram e desatei a escrever...
«CONCORDA COM A DESPENALIZAÇÃO DA INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ, SE REALIZADA, POR OPÇÃO DA MULHER, NAS PRIMEIRAS DEZ SEMANAS,
É esta a questão que, em princípio, será colocada aos portugueses. Ou seja, somos chamados a responder a um apelo, a um referendo para decidir um assunto de tão grande importância.
Começo por referir que não li ao pormenor todos os comentários (por serem imensos) mas que não pude deixar de observar alguns pormenores que me deixaram um pouco assustada.
Comecemos pela questão do voto. Caro Jm, confesso que é de minha profunda admiração que se troque um direito (conquistado se bem se recorda) por um dia de sol! Ainda mais me frustra que muitos como o Sr. tenham essa mentalidade e não exerçam o seu direito e Dever enquanto cidadão português.
Adiante.
A questão
Engraçado
1- gostamos muito de falar em adopção. É tudo muito bonito se o nosso sistema funcionasse…Se os portugueses preferissem crianças/adolescentes, os quais parecem ter um prazo de validade que caduca após uns anos de vida (julgo ser dos 6-18 anos a taxa para ter uma família diminui radicalmente). E por favor não me venham dizer que temos muito boas instituições, pois tenho exemplos práticos de que não temos, para além do mais, mesmo as Associações Pró-Vida e afins gostam muito de aplaudir o seu trabalho às mães. Mas gostava de saber números certos, porque umas centenas não faz juz ao número (milhares?!) de mulheres que vão a Espanha.
2- isto abre uma outra porta. A lei que existe não passa de areia para os nossos olhos!!! E enquanto isso, continuam os relatos de mulheres que para além de rios de dinheiro que gastam ( e que, como alguém disse os “filhos” arremedeiam-se por cá, os “meninos” vão para onde o dinheiro pode salvar a família da “vergonha”), não têm o mínimo de condições higiénicas e onde autênticos carniceiros, sem o mínimo de qualificações as atendem! Não sejamos hipócritas! Esta é a realidade, porque ela não desaparece por causa desta lei, continua a existir! E este é o ponto fulcral – despenalizar, para que hajam clínicas onde existam condições (a todos os níveis) para que num acto extremo (não vale sequer colocar razões porque cada um tem as suas e quem julga está no Céu!!) a mulher tenha condição de ir para casa e viver com aquilo que praticou, e não corra o risco de se esvair em sangue antes de conseguir chegar a um hospital.
3- julgo que terá sido a Valéria que disse que «não devemos usar a ivg como uma espécie de método anti-concepcional». Para além de redutor da situação que existe em Portugal é ignorar o actual sistema que existe para se esconder atrás de uma ideia simples: defender qual das “vidas”, a da mãe (sim porque os “pais” muitas vezes nem existem, pelo simples facto de que não lhe pesa a eles!) ou da “criança”?
“Criança” esta não cientificamente provada, mas dogmaticamente defendida pela Igreja – a mesma que não aprova o preservativo, a mesma que continua a tapar o sol com a peneira em países cujo HIV/SIDA continua a alastrar a olhos vistos…(outra estória…)
O facto é que pensar sequer que uma prática evasiva e traumatizante se possa tornar um método (nem podemos usar anti-concepcional, porque JÁ foi concebido!) é ultrajante para as mulheres!
4- (…continuação - Informação: ) afinal, a informação não existe?! A Igreja enquanto instituição não deveria igualmente prestar essa informação? Não devíamos todos nós?! Aos vossos filhos, sobrinhos e afins?! Como é que podemos falar em informação quando, segundo bem me lembro, tivemos a discussão ridícula em Portugal – colocar ou não colocar caixas de venda de preservativos nas escolas -?! A resposta foi não. Curiosamente surge um novo fenómeno que preocupa a população médica – a pílula do dia seguinte, ela sim usada como método anti-concepcional e não como um último recurso, e este com repercussões que ainda são desconhecidas no longo-prazo!
Informação!? Podemos mesmo falar em informação, quando há décadas que esperamos por cadeiras de Educação Sexual? Quando nem professores especializados existem para essas matérias?! Isto é que é ridículo!!! Este país!
Querem duas visões simples deste referendo?
1- O «Não». Ninguém vai votar porque se vai para a praia, ou porque se vai passear o cão, ou porque a prima faz anos e não apetece. Os médicos, enfermeiras, e acusadas (sim porque não me lembro de ter visto nenhum homem no banco dos réus! E curiosamente são os homens que fazem “as crianças” e as mulheres que vão para a prisão!!!), continuarão a ser punidos. Espanha continuará a lucrar com os desaires portugueses (para variar), para quem possa pagar. Em Portugal vai haver gente nojenta que sem condições perpetua a carnificina às mulheres. Continuará a Não haver educação sexual. Continuará tudo na mesma. Quem beneficiou? Ahh, as “crianças”, sim... Certo.
2- O «Sim». Porque existem cidadãos que votam, ou porque em AR se decide aquilo que o povo quis ignorar. Ainda assim, a Despenalização da gravidez será uma realidade à qual o país terá de acudir. De qualquer modo, quer com sim ou não, as clínicas espanholas virão para Portugal. Em locais legalizados os médicos poderão prestar os cuidados necessários à realização de tal acto. Espera-se que toda a questão suscite uma vontade geral de mudança: educação sexual, informação NAS escolas não só sobre a temática, os riscos, sexo, contraceptivos, etc.
A verdade é que EU sou a Favor da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. Não consigo sequer imaginar as razões que levam uma mulher a tal acto – não consigo julgar quem o queira fazer por razões “de ser cedo de mais”, “porque o namorado/marido não quer assumir”, “porque a família não quer essa vergonha”, ou alguém que por razões económicas, sociais, habitacionais já não tenha condições para colocar um ser (para sofrer) neste mundo.
Muitas vezes interrogo-me quantas dessas pessoas a favor do não já falaram de boca cheia, por exemplo, em relação à pena de morte – “se é culpado deve pagar”, “matou o outro, deve morrer”, e agora, quando falamos em despenalização de uma prática que existe na clandestinidade, com todas as consequências inerentes a isso, abrem a boca para dizer que não. Mas claro, esqueci que não é a mesma coisa - Uma pessoa feita e uma não feita.
Vamos continuar a ser hipócritas e a colocar no banco dos réus aquelas pobres mulheres que tiveram o azar de ser denunciadas?
Quem é a favor do Não, pode mesmo ir passear à beira-rio, porque se não querem fazer filhos não os façam, se acham que existe informação divulguem-na, se acham que existem instituições apoiem-nas, se acham que a lei que existe é suficiente para os casos que Portugal vive, fiquem
Obrigada.
Cláudia
Um simples ‘Não’, não resolve!!! Um ‘SIM’, não resolve mas despenaliza!...
9 comentários:
olá Cláudia, infelizmente esta é a sociedade que temos, uma sociedade EGOISTA,MAL FORMADA e acima de tudo IRRESPONSAVEL!
è mais facil apelarmos a Deus e a Nossa Senhora para as questões humanas, porque assim sabemos que se atinge uma faixa etária e uma faixa da nossa sociedade que não está particularmente interessada em saber o que é a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, mas apenas em apontar o dedo e a dizer que não se deve fazer, porque já bate um coração.
Resta-me pronunciar quanto isso:
1º às dez semanas de gestação, o coração ainda não bate, segundo me informaram, confesso que não pesquisei por falta de tempo, mas essa será mais uma frase que parece que está a publicitar mais uma marca de margarina.
2º- Alguém acha que uma mulher ao estar a sujeitar-se a uma IVG, vai de animo leve? Vai porque lhe apetece? Ou vai porque passa a ser despenalizado? E caso a despenalização aconteça o mais provavel é o n.º de abortos feitos em Portugal, q não se devem ao casos previstos na legislação Penal, diminuirem..mas esta é a minha opinião.
3º - Não deviam pensar, que em vez de pagar com os nossos impostos as ditas clinicas de aborto, porventura depois o que è dispendido pelo Ministerio da Saude, para tratar depressões, infecções e tudo o resto que acarreta um aborto clandestino?
4º- ou será que existem interresses que um comum cidadão desconhece, por detrás dessas campanhas? Ou não vivemos nós num Estado de Direito desde 1976, previsto na Constituição Portuguesa, em que todos os cidadão são iguais, e não devem ser descriminados pelas suas ideologias politicas, religiosas e culturais?
Não temos todos liberdade de expressão, direito à nossa opinião?
Então porque temos de ser bombardeados pela campanha do Não, pensarmos que estamos em campanha eleitoral?
mas não estamos meus senhores, estamos perante um direito de cidadania em que podem os cidadão votar para dar a sua concordancia ou não para a aprovação de uma lei, o que para os mais distraidos, raramente acontece...lolol
Vamos então aproveitar a oportunidade que nos está a ser dada mais uma vez, e votar em consciencia, nos nossos direitos de cidadão, nos direitos das mulheres, das nossas mães, das nossas irmãs, namoradas, amigas...etc, das mulheres em geral e de alguém que nos possa tocar em particular!!!!
Carla
Pois...
Não vou sequer comentar a despenalização da IVG...fui um dos poucos jovens que votou por ela em 1998...
Fui um dos que soube que a votação alcançada nesse ano foi maioritariamente conseguida por um estrato da população que, dada a sua idade, não vai conceber mais vidas jamais...
Fui um dos que assistiu a um acto irreflectido de uma juventude - bronzeada, é certo - que abdicou do seu direito de fazer a diferença para ir encher as praias da Costa da Caparica...
Portanto, e porque penso que foi, já, quase tudo dito, não comento os aspectos que tão bem expôs neste post...
Mas comento a forma de fazer "campanha"...
Infelizmente não podemos contar com as forças sociais para que ajam racionalmente. Tal como na Política baseada nos Media, este é um mundo de publicitários e técnicos de marketing...o que interessa é criar algo que choque e marque o "consumidor"...
Imagino quantas velhinhas não lêem esses cartazes, benzem-se e murmuram: "Louva a Deus"! Elas votarão...pelo seu Deus...
A verdade é que resultam, esses outdoors...
Ah! E que a liberdade de expressão nos obriga a tolerá-los... :(
Não nos esqueçamos disso, votemos, e deixemos que determinadas ignorâncias alheias "resvalem na carapaça", não da nossa indiferença, mas da nossa tolerância!
Já estava à espera que o facto de os outdoors me terem incomodado tanto pudesse suscitar a temática da sua própria liberdade de expressão. À qual têm direito, como é óbvio, a qual felicito (viva a democracia), mas sobre a qual, devido a essa mesma liberdade não tenho que concordar.
Por um simples facto que quer tu, quer a Carla mencionaram, ainda que quase implicitamente,vivemos num Estado laico. Como todos sabemos, a tolerância, a igualdade religiosa também deve ser praticada. Ainda que vivamos numa sociedade marioritariamente católia, não podemos esquecer quem não é. E, curiosamente, não ouvi um único relato (não sei se foi desatenção minha) de uma qualquer entidade que não fosse católica.
Prega-se muito, mas faz-se pouco. É triste.
Já agora, só para mencionar o abstencionismo. Espero, sinceramente, que possamos ter crescido enquanto democracia nestes últimos anos. É, sobretudo, isso que veremos no dia 11 de Fevereiro. Porque, na minha opinião, não exercendo os nossos deveres bem podemos esquecer os nossos direitos!!
Caríssima, não me passou pela cabeça pôr em causa o seu respeito pela liberdade de expressão...
Estava mais a lementar-me por este tipo de temática, bem como outras igualmente importantes, serem tratadas sob um ponto de vista de marketing que muito me desagrada, mas que me habituei a tolerar, não sem alguma resignação.
Quanto à igreja católica, temos de perdoar algum obscurantismo em que ainda vivem, e em que baseiam muitas suas opiniões e posições.
Tenho para mim que aplico melhor as qualidades da moral cristã que muitos ditos católicos em Portugal.
Não sei o que fizeram à tolerância que pregava Jesus, segundo consta dos textos dessa igreja.
Mas enfim...
Eu cumprirei o meu dever dia 11 de Fevereiro, como aliás sempre cumpri desde que ganhei o direito ao voto. Espero que os meus concidadãos não se furtem, uma vez mais, às suas responsabilidades...
Respeitosos cumprimentos! ;o)
Cara amiga, ;)
é sempre com ansiedade que leio os teus posts desde o título à última palavrinha, mesmo quando são infinitamente extensos como este... e é sempre uma enorme satisfação lê-los e conhecer-te melhor através do que escreves.
Este post não foi excepção.
Concordando ou não com os teus pontos de vista sobre esta questão... gostei da objectividade e honestidade intelectual do teu texto.
Poderia discutir contigo inúmeros pontos de vista, dados, casos reais, etc sobre esta temática, mas penso que através de teclas e ecrãs a que uma discussão virtual nos obrigaria, a mesma se tornasse desinteressante.
Quem sabe tenhamos um dia destes a oportunidade de estar juntas e falar sobre este e tantos outros temas de interesse... ;)
Por fim, deixar o endereço de um blog que já conheces:
http://lodonocais.blogspot.com/2007/01/as-nossas-razes.html
Fizemos uma sondagem entre os colaboradores do "Lodo no Cais" e hoje apresentamos as nossas razões quanto ao sentido de voto do dia 11. Reconheço que há 1001 blogs a falarem neste tema, mas neste podes encontrar opiniões tão interessantes quanto distintas, e... não menos importante... com partidarismos à parte.
Beijinho,
Dulce
Afinal...
não resisti a deixar aqui uma ou outra opinião sobre o que li essencialmente nos comentários deixados. ;)
Antes de mais, clarificar a minha posição neste tema, para não dar azo a equívocos: sou contra o aborto, mas a favor da sua despenalização.
Posto isto...
Carla,
antes fosse como diz no 2º ponto do seu comentário: 'que uma mulher não faz um aborto de ânimo leve'...
Acredito que uma grande maioria das mulheres que recorrem à IVG o façam num estado de transtorno e quase desespero. Já para não falar das que são "obrigadas" por familiares ou pelo próprio companheiro...
Mas infelizmente, também tenho a chocante noção de que hoje muitas mulheres o encaram como uma "solução" ideal e natural... (especialmente nas classes sociais mais altas...) E a prova disto é que as taxas de reincidência são consideráveis...
Ainda nesse ponto, duvido muito que os casos de aborto diminuam caso este seja liberalizado. Não foi o que aconteceu na maioria dos países, aliás... França, um dos primeiros países a legalizar o aborto, tem actualmente a maior taxa de IVG praticados da Europa (salvo erro... mas se não está em 1º, está no top 3...)
Quanto ao 3ºponto e ao financiamento da prática da IVG, reconheço que o sistema de saúde de um país deve servir a todos sem excepção, mas não concordo minimamente que o aborto se realize no SNS. Primeiro, tendo em conta o número de abortos que se praticarão e os custos que vão acarretar ao Estado e, por conseguinte, aos contribuintes. Não quero parecer mesquinha, mas na verdade eu, que zelo pela minha saúde, tomo a pílula e uso preservativo, e os gastos decorrentes da minha sexualidade responsável e circunspecta são acarretados por mim e só por mim. Se eu sou responsável, porque tenho que "pagar" as irresponsabilidades de outros, ainda para mais quando considero o aborto uma prática desumana?!
E o segundo argumento prende-se com as extensas listas de espera que os doentes do nosso país enfrentam... que vai ser do SNS?! Quais vão ser as prioridades?! A hérnia do idoso que vive atrás do sol posto e que espera há 3 anos uma intervenção ou o aborto da menina de Cascais que bebeu uns copos a mais e se 'esqueceu' de proteger?!
A meu ver, a ser despenalizado e, consequentemente, liberalizado, o aborto deveria de ser levado a cabo em clínicas próprias, tal como acontece em Espanha. Assim espero que aconteça. A única desvantagem das clínicas poderá ser os preços praticados (que podem impedir determinadas mulheres de classes mais baixas a recorrer à IVG...), mas quanto a isso caberia a Estado arranjar mecanismos que pudessem regular, até para que não subsistam as clinicas ilegais...
O comentário já vai longo, mas queria só referir-me quanto à campanha.
Mesmo longe, tenho-me apercebido que a campanha, seja pelo Sim ou pelo Não, não tem sido nem clara, nem honesta... Tal como referiste e como referiram os autores dos comentários aqui deixados, o marketing usado revelou-se em alguns casos numa campanha desvirtuada e desleal. Isso é tão lamentável quanto reprovável...
Ainda mais lamentável me parece a partidarização desta questão...
Posso dizer que sou, orgulhosamente, militante activa do único partido que não impôs uma espécie de "disciplina de voto" quanto a esta matéria. Afinal,é uma questão de convicções éticas, morais ou até religiosas, que não nos tem que ser imposta por ninguém, porque os nossos princípios só a nós nos dizem respeito.
lololol
Quero começar por pedir IMENSASSSSS desculpas aos leitores!! Já tive reclamações de que foi um post muito grande!! Nem sequer discuto isso!! lolol
Ainda assim não pretendi fazer nada resumido, apenas com pontos principais...foi mais um "momento de revolta" e permite-me escrever, sabendo que, quem olhase a 1ª vez o post não passaria da 1ª linha. Não me chateei com isso.
De qualquer modo, o meu OBRIGADOOOO aos resistente (nem que tenha sido leitura na diagonal!LOL)!
Quanto a ti querida Dulcinha...tchan tchan tchan tchan...lolol
Bem...julgo que esta questão não deveria estar ligada a partidos políticos, não deveríamos estar a falar de cores, e sobretudo que estes tomem posições em que indusam os militantes ao que quer que seja...livre pensamento? Em Portugal? Não há!
Para mim nem discutiriamos a questão do aborto! Ponto. É apenas o reflexo de uma sociedade muito mal formada, e que vai continuar assim ("cheira-me"...)quer o referendo dite sim ou não. Mas isso será para posterior discussão.........
Quanto aos impostos dos contribuintes. Não te retiro razão ao teu ponto de vista! As clínicas privadas poderão ter maior relevo que o SNS. Se os custos forem mais baixos o Estado atépoderá cobrir determinadas despesas. Desde que as mulheres possam ter acompanhento e ajuda, de modo que logo à partida avaliarem se levarão a gradivez a bom porto ou não....atéporque na questão do aumento da IVG podemos questionar se não aparecerão mais porque o fazem emPortugal e em condições visto que sendo ilegal os dados estatísticos estariam à priori condenados?! Posso mencionar por ex., a violencia contra as mulheres...os dados estatisticos tb aumentaram quando se tornou crime semi.público, não porque tivesse havido uma "onda" destes crimes, mas porque quem antes se escondia estava mais segura para dar a cara ou apresentar queixa...
As listas de espera...a IVG servir de desculpa para haver mais, seria típico da mentalidade portuguesa.
As nossas bases estão mal...não se pode limpar por cima se por baixo está sujo...
A minha Utopia, é que o referendo sirva para se pensar, e para se mudar!! Sobretudo mudar tudo o que está mal à décadas quando uns viviam revoluções e outros estavam em ditaduras das quais permanecem os resquícios...
DESCULPA mais uma vez...pela enormidade...
OBRIGADA pela participação!!:D
*beijinhossssss*
Quem fala assim não é gago!!! Leiam o Post "Quanto dinheiro é que vai ser gasto nisto?"! Tá lindo! E concordo!
Em Portugal então há mesmo muitas bestas!!! :S
http://jp-prometheus.blogspot.com/
Boa João!
Saudações!
Nunca pensei que fosses gostar tanto do meu post ;) mas a verdade é que estamos [o país] a perder tempo e dinheiro a discutir uma questão que há muito tempo que devia ter sido resolvida. Há assuntos muito mais relevantes para a vida do país que deviam ser sujeitos a referendo mas por populismo, por incompetência ou para desviar atenções não recebem um semelhante tratamento. Dia 11 vamos votar [caso contrário o referendo arrisca-se a não ter validade], enterrar a questão de uma vez por todas e passar para assuntos mais importantes.
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